GOMAS AÇUCARADAS

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O DIA NUBLADO

O dia nublado merece ócio. E há dois dias, não vejo o sol. A cidade parece mais calma. Os elevadores do prédio vazios. O trânsito de poucos carros lentos.
O dia nublado é prelúdio à preguiça. Trabalho rápido pela manhã com o fiapo do sol. Depois do almoço, com o tempo fechado, leio alguns textos. Navego displicente na internet, temeroso que o capitão cochilasse.
Nenhuma notícia chama atenção. Os emails estão congestionados. O último foi de dois dias atrás quando o sol ainda respirava. Como advogado, o primeiro compromisso do dia é checar as intimações, que recebo on line. As intimações vieram. Mas vieram descansadas, adormecidas nos autos. Sem necessidade da manifestação.
Nesta tarde nublada nada acontece. O telefone que pela manhã gritava desesperado por atenção, agora repousa em calma, recarregando as baterias. O cliente agendado liga desmarcando o compromisso. Um susto. O telefone morto dando sinal de vida. Fico numa felicidade triste e prossigo na minha contemplação do tempo.
O dia nublado é quieto. Não há a barulheira das buzinas na rua. Nem as conversas amistosas, nervosas ou misteriosas nos corredores. Todos estão com o silêncio colado à boca.
O dia nublado não quer nada da gente. E a gente também não quer nada. O dia nublado espera, no ventre, a chuva.

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