GOMAS AÇUCARADAS

GOMAS AÇUCARADAS

sexta-feira, 22 de julho de 2011

TUDO QUASE NA VIDA DO HOMEM


Como Zé não conseguiu aquele emprego na prefeitura foi tratar de tentar a aposentadoria – pois, velho, acreditava somar tempo.
Saiu cedo de casa. Madrugada. Pegou ônibus lotado. Desceu perto do instituto de previdência. No resto do caminho fez uma fezinha na lotérica que pegou abrindo. No jogo passado fez quatro pontos. Por pouco não ganhou.
No instituto, a fila de trinta metros.
- Depois tomo um pingado! – falou consigo mesmo vendo a padaria do outro lado da rua.
A funcionária gorda e mal humorada veio pela fila distribuindo ficha de atendimento.
- A agência só atende 50 pessoas por dia.
Entregou ao negão à sua frente, com a perna fodida, a última senha.
José trouxe aos lábios o sorriso bobo da decepção. Não foi desta vez, pensou. “Mas vou tomar o pingado”.
Atravessava na faixa de pedestres. Distraiu-se com a buzina do velho pipoqueiro que fazia ponto do lado de fora do instituto de previdência.
No meio da faixa, um ônibus lotado, não viu Zé que atravessava.